Coré não é muito citado na Bíblia. No Antigo Testamento, há
algumas referências aos seus ascendentes e descendentes (os coreítas). Ele era
da tribo de Levi, seu bisavô. Seu avô era Coate e seu pai Jizar (ou Isar ou
Aminadabe) (Ex 6.21; 1Cr 6.22; Nm 16.1). Seus filhos foram Assir, Elcana,
Abiasafe (ou Ebiasafe) (Ex 6.24; 1Cr 6.22. 37; 1Cr 9.9). A história de sua
rebeldia encontra-se em Números 16. Há mais duas referências a ele em Números
26.9-11 e 27.3. No Novo Testamento há apenas uma referência a ele, em Judas 11.
1. Quem eram os rebeldes?
O líder dos rebeldes era Coré, bisneto de Levi e primo de
Moisés. Portanto, estes eram levitas. Coré se associou a dois irmãos, Datã e
Abirão (Nm 16.1, 12, 24, 25, 27; 26.9; Dt 11.6; Sl 106.17), e também a Om,
sendo todos eles da tribo de Ruben. Contou ainda com o apoio de duzentos e
cinquenta homens, príncipes da congregação, eleitos por ela, homens de renome
(Nm 16.2). Todos eles se ajuntaram contra Moisés e Arão, para dar um basta à
sua liderança sobre o povo.
2. As causas da rebelião
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, ….” (1Sm
15.23)
1ª) Uma visão equivocada
“e se ajuntaram contra Moisés e contra Arão e lhes
disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e
o SENHOR está no meio deles; …” (Nm 16.3a)
Uma coisa é ser chamado para ser santo, outra coisa é ser
santo, separado. O verdadeiro líder enfatiza a necessidade dos irmãos viverem
em santidade de vida, para desfrutarem da comunhão com um Deus que é Santo. Os
falsos líderes promovem a libertinagem e fazem vista grossa para o pecado.
Banalizam a Graça Divina e promovem a falta de temor à Santidade de Deus. As
condições estabelecidas por Deus a este respeito são muito claras: “Agora,
pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança,
então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a
terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as
palavras que falarás aos filhos de Israel.” (Ex 19.5-6). Santidade não
é rótulo, mas um “estilo” de vida.
2ª) Ambição pelo poder
“…. por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do
SENHOR?” (Nm 16.3)
“…. senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós?” (Nm
16.13)
A alegação ou acusação dos rebeldes era a suposta usurpação
do poder por parte de Moisés e Arão. É espantoso verificar que, mesmo depois de
tantas manifestações milagrosas e incontestáveis do poder de Deus pela
intermediação de Moisés (pragas, mar se abrindo etc), essa gente pudesse ainda
questionar a liderança e autoridade de Moisés e Arão. Percebe-se, da parte
deles, uma inveja incontrolável de Moisés. Afinal, por que esse tal Moisés
deveria ser o protagonista de tudo isso? Quem era ele? Foi criado na corte de
Faraó. Depois de adulto, com quarenta anos de idade, fugiu para uma terra
distante, ficando ali outros quarenta anos. Enquanto isso eles habitaram e
sofreram junto ao povo cativo. Agora, depois de todo esse tempo, ele vem de
fora para se fazer príncipe sobre o povo? Acontece sempre aquela velha e
recorrente situação: “antiguidade é posto, temos que respeitar!”, “chegou agora
e já quer se sentar à janela?”. O ser humano, inclusive o cristão, precisa
entender que, não importa se o líder é de perto ou é de longe. O que realmente
importa é se ele é o melhor para a função e, no caso da igreja, se ele é o
designado pelo Soberano Senhor dos céus e da terra para exercer aquela
liderança!
3ª) Ambição pelo sacerdócio
“acaso, é para vós outros coisa de somenos que o Deus de
Israel vos separou da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim
de cumprirdes o serviço do tabernáculo do SENHOR e estardes perante a
congregação para ministrar-lhe; e te fez chegar, Coré, e todos os teus irmãos,
os filhos de Levi, contigo? Ainda também procurais o sacerdócio?” (Nm
16.9-10)
Na matança dos primogênitos dos egípcios, os primogênitos de
Israel foram poupados. Assim, os primogênitos de Israel passaram a pertencer ao
Senhor. Então, Deus fez uma troca, desses primogênitos (inclusive dos animais),
por todos os homens da tribo de Levi (Nm 3.12-13). Quando Deus separou a tribo
de Levi das demais tribos de Israel, não lhe deu herança de terra, mas eles
deveriam receber cidades no meio das possessões das demais tribos (Nm 35.2ss).
Também os consagrou para o serviço de Deus, primeiramente no Tabernáculo,
depois, no Templo. Todos os levitas foram designados para exercer algum encargo
na tenda da congregação. Eles deveriam atuar sob a liderança de Arão e seus
filhos (Nm 3.9). Em Números 3 e 4 as tarefas relativas ao Tabernáculo são
distribuídas pelas famílias dos três filhos de Levi: Gerson, Coate e Merari.
Basicamente, coube aos filhos de Gerson cuidar da
infraestrutura externa (montagem, desmontagem e transporte) (Nm 3.21-26; 4.21-28);
aos filhos de Meraricuidar da infraestrutura interna (montagem,
desmontagem e transporte) (Nm 3.33-37; 4.29-33); e, aos filhos de Coate cuidar
do mobiliário e utensílios sagrados do santuário (montagem, desmontagem e
transporte) (Nm 3.27-32; 4.1-20). É importante observar que coube à família de
Coate a parte mais delicada, cuidar das “coisas santíssimas” (Nm 4.4), como a
arca, com risco de morte: “Isto, porém, lhe fareis, para que vivam e
não morram, quando se aproximarem das coisas santíssimas: Arão e seus filhos
entrarão e lhes designarão a cada um o seu serviço e a sua carga. Porém os
coatitas não entrarão, nem por um instante, para ver as coisas santas, para que
não morram.” (Nm 4.19-20). Tudo isso foi estabelecido por Deus, por
intermédio de Moisés, inclusive o tão cobiçado sacerdócio: “Mas a Arão
e a seus filhos ordenarás que se dediquem só ao seu sacerdócio, e o estranho
que se aproximar morrerá.” (Nm 3.10).
A igreja é o corpo de Cristo, onde cada membro tem a sua
função. É o próprio Senhor quem vocaciona, chama e elege aqueles que devem ser
reconhecidos como líderes do rebanho. É danoso para o Corpo de Cristo, quando
alguém ambiciona posições e cargos, para os quais o Senhor não o designou, ou
quando queremos impor, pela força, aqueles que o Senhor não escolheu para
determinada missão. Cada um tem uma missão importante e específica a realizar
no reino de Deus e deve se deixar conduzir pelo Espírito Santo de Deus!
3. O desenrolar da rebelião
- A
prova do líder e dos santos (Nm 16.4-7; 16-19; 27-30)
“E falou a Coré e a todo o seu grupo, dizendo: Amanhã
pela manhã, o SENHOR fará saber quem é dele e quem é o santo que ele fará
chegar a si; aquele a quem escolher fará chegar a si.” (Nm 16.5)
Diante da inesperada rebelião, Moisés não teve outra
alternativa senão submeter ao Senhor o arbítrio daquela questão. Moisés
estabeleceu dia e hora para o confronto entre a liderança espiritual
divinamente instituída e a liderança rebelde. A resposta seria dada pelo
próprio Deus! Duas situações haveriam de ser julgadas ali: 1ª) Quem é dele; 2ª)
Quem é o santo autorizado a aproximar-se do Senhor. As instruções da prova
foram passadas. Ambos os lados deveriam comparecer diante de Deus com os seus
incensários acesos; Moisés com o fogo tirado do altar e os rebeldes com o fogo
estranho (Nm 16.16-19). Na sua fala final, Moisés esclarece que se algo fora do
comum, se coisa inaudita acontecesse ali, levando os rebeldes à morte, ficaria
provado que ele era um enviado do Senhor e os seus opositores aqueles que
desprezaram ao Senhor (Nm 16.27.30)
- A
intransigência dos rebeldes e a ira de Moisés (Nm 16.12-15)
Os rebeldes não demonstraram qualquer interesse em dialogar.
Eles fizeram o que é característico dos rebeldes: 1º) Acusar os líderes de não
dar ao povo uma boa qualidade de vida; 2º) Acusar os líderes de usurpação de
poder, de poder não legitimado pelo povo; 3º) Acusar os líderes de enganar os
mais simples. É interessante como Moisés, o homem mais manso da terra (“Era
o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.” Nm
12.3) perde a paciência e desabafa com Deus. Aí, quem perde a paciência é Deus
e Moisés tenta aplacar sua ira.
- A
ira divina e a intercessão de Moisés (Nm 16.20-27)
Diante de tanto atrevimento e rebeldia, a vontade de Deus
era de exterminar toda a congregação, imediatamente. Essa era já a terceira vez
que Deus manifestou este desejo e foi contido por Moisés (Ver as outras duas:
Ex 32.10; Nm 14.11). Mais uma vez o Senhor cedeu e aguardou a separação física
entre os rebeldes e o restante da congregação (Nm 16.23-26).
4. As consequências da rebelião
1º castigo: A Coré, Datã e Abirão (Nm 16.31-34)
A terra se abriu e engoliu os três líderes, seus homens e
seus bens. E o povo fugiu. Em Números 26.11 há o seguinte registro: “Mas
os filhos de Corá (Coré) não morreram.”
2º castigo: Aos 250 príncipes da congregação (Nm
16.35)
Fogo procedente do Senhor consumiu os duzentos e cinquenta
homens que se apresentaram diante do Senhor com fogo estranho.
3º castigo: Aos 14.700 murmuradores da
congregação (Nm 16.41-50)
Como se as tragédias ocorridas não fossem suficientes para
convencer aquela congregação também rebelde, eles tiveram a ousadia de murmurar
contra Moisés e Arão, culpando-os de tamanha matança. Mais uma vez a ira divina
se manifesta, agora pela 4ª vez (Nm 16.45), para exterminar toda a congregação.
A praga dizimou 14.700 murmuradores. Não fora a expiação do povo, providenciada
por Arão, sob a ordem de Moisés, toda a congregação teria sido dizimada. Na
verdade, desde que a sentença divina fora pronunciada, por ocasião do relatório
negativo dos 10 espias, isto é, que os de vinte anos para cima (exceto Josué e
Calebe), não entrariam na terra prometida (Nm 14.20-30), a congregação se
tornou propensa a rebeldia.
De tudo o que foi exposto anteriormente, fica claro o alto
preço que é pago pelos rebeldes e seus seguidores!!!
“Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e,
movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta
de Coré. (Judas 11)
Jesus...Obrigada!
ResponderExcluirSó não aprende quem realmente não quer!
Paz seja convosco
ResponderExcluirVerdade verdadeira!
Que Deus lhe abençoe